Soprei novamente um forte jato de fumaça densa pelo buraco da fechadura, sem saber que havia alguém do outro lado.
Abri a porta, e lá estava ele: sobre a cama, com os olhos vermelhos, vestindo apenas sua samba canção que gosto tanto.
Há tempos vinha observando seu comportamento dentro daquele cubículo.
Seus horários eram desregulados, sua cama não via lençóis novos há três semanas, e ele guardava seus cigarros na terceira gaveta do criado mudo, mas não sei por que, tudo aquilo me atraía.
Estava prestes a dar o quinto passo após ter aberto a porta, e ele nem sequer levantou o rosto.
Sentei ao lado daquele pecado em forma de homem e calei-me.
Ele apenas se levantou, vestiu uma calça e saiu andando:
- Tô indo comprar mais cigarro, a casa é sua.
O sentimento de indiferença me feriu ridiculamente.
Levantei, fechei a porta e nunca mais voltei a soprar fumaça no buraco da fechadura.
Mas ele não se importa.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Indiferente.
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E tem coisa mais atraente que uma boa dose de indiferença? Não creio que exista.
ResponderExcluirGostei demais do seu blog. Encontrei um pouco de mim por aqui.
Beijos.