quarta-feira, 29 de julho de 2009

O leitor de mentes, parte 2

Eu, como qualquer leitor de mentes, decifro-te.
O segredo de pessoas como eu, é ter a mente livre, solta e fraca. Isso mesmo, uma mente fraca.
Minha mente estava vazia, fútil, não tinha mais ideias nem planos..
Foi quando comecei a ouvir pequenos susurros, muito baixos, eu precisava me concentrar ao extremo para ouvi-los.
Aos poucos os sussuros tornaram-se falas, e eu já conseguia decifrá-los sem um minimo de esforço.
Minha vida - a partir da incrível descoberta de meu poder surreal - continuou a mesma, agia como se não soubesse que me amavam ou me odiavam. Eu tentava ao máximo não decifrar a mente fraca de todas as cabeças que passavam por mim, e na maioria das vezes eu conseguia.
Estava eu um dia, sentado naquela grande e farta biblioteca escolar, quando as portas se abriram, de repente todos os olhares estavam nela.
Sem mesmo precisar utilizar meu dom, eu já podia ler a mente dela, uma mente fútil, idiota, tola.
O que se passava naquela cabeça loura falsa era apenas a vontade de ter a atenção toda pra ela.
Revirando aquela sala com meus cansados olhos, enxergo aquela figura!
Assim que a vi, pensei, É ELA!
Parecia que ela podia ler a mente de todos, assim como eu, seus olhos eram cansados, mas sua mente era forte, era cheia, não só futilidades, não só tolices, ela tinha sonhos além de se tornar famosa, ela tinha paixões tão escondidas quanto ela.
Olhando fixo, não me contive, eu queria descobri-la, eu queria decifra-la!
Por três dias, li a mente daquela criatura, seus pensamentos eram tão gostosos, eu não me continha, sua mente se tornara meu vício, meu mais novo vício.
Minha vontade era de pedir sua mão em casamento, ela era tão imperfeita, cheia de defeitos e transtornos, mas era o que a tornava perfeita, eu a queria, acima de tudo no mundo.
Após ler sua mente tantas e tantas vezes, minha vontade de falar com ela era cada vez maior. Foi quando aconteceu.
Cheguei. Falei um oi.
NÃO PUDE ACREDITAR QUE AQUELA CRIATURA ESTARIA PENSANDO NISSO.
Aquilo me levou ao delírio, como se eu tivesse ido ao céu e voltado em menos de um segundo, foi quando a beijei. Aquele momento foi intenso, foi totalmente surreal, abstrato, nem eu, o ser capaz de saber tudo o que pensam, esperava aquilo, nem de mim, nem dela.
A partir daquele dia, ela era minha.

Um comentário:

  1. Que texto genial, sério.
    Aliás.. escreves MUITO bem, parabéns :)

    E você é tão.. encantadora, enfim..

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