De baixo de uma palmeira luminosa, enxerguei uma alma.
Lá estava ela, sentada, com o rosto um bocado choroso.
Com cuidado me aproximei da alma. Ela nem percebeu.
Sentei-me ao lado dela e saiu:
- Alma, por que tão lamentosa?
Não houve resposta.
Tornei a perguntar:
- Alma, me diga, por que tão lamentosa?
E finalmente, a alma respondeu:
- Dor no coração.
As palavras da alma penetraram em meu cérebro.
Eram muito fortes e complexas para mim, que até então, era apenas uma jovem moça.
Depois dos minutos necessários para absorver aquela lamentação de uma alma triste, falei:
- Dor por que alma? O que fizeram pra você?
A alma olhou-me fundo nos olhos, como um mergulho no Oceano.
- Você não entende? Respondeu..
- Me desculpe, seus pensamentos de vida ainda são tumultuados para mim que não cheguei nem à metade do que passaste.
- Não lamente, a alma lamentosa agora sou eu!
- Obrigada alma.
- Estou tão vazia que se penetrar uma faca em meu peito não sairá uma mísera gota de sangue vivo.
- Então apenas preencha esse vazio que te apavora.
- Como?
- Eu não sei, me diga você! O que está lhe faltando?
- Amor..
Uma pausa.
- Amor.. - Repeti
Eu sabia exatamente o que se passava com a alma.